Bom dia, galera! Aqui é o Vinícius e eu vim dar seqüência à parte de Doenças Mentais de nosso blog! Hoje vamos explicar o que é e como pode ser explicado bioquimicamente o autismo. Vamos lá?!
O autismo é uma desordem na qual o paciente tem prejuízo na capacidade de se relacionar socialmente, além de apresentar um quadro de déficit intelectual e um comportamento compulsivo e ritualístico. Esse transtorno se manifesta necessariamente até os três anos de idade, e tem maior prevalência em meninos do que em meninas.
Bioquimicamente, há diversas teorias que se complementam para explicar as desordens do espectro autista. As principais dizem respeito a erros nas regiões de sinapses e no metabolismo e/ou degradação de neurotransmissores excitatórios, como a serotonina.
SEROTONINA
Pacientes autistas apresentam altas taxas de serotonina no sangue. Pesquisas recentes mostram que há um desbalanço nos níveis de serotonina no cérebro de uma pessoa autista em relação ao de uma pessoa normal. Um estudo no Children's Hospital of Michigan PET Scan Center (Centro de PET Scan do Hospital Pediátrico de Michigan) mostrou que, em autistas, a via neural dentato-tálamo-cortical, responsável pela integração sensorial e pela fala. A integração sensorial nos autistas é, portanto, muito debilitada, de modo que esses pacientes geralmente só conseguem utilizar um dos seus sentidos por vez. Isso explica, por exemplo, o porquê de um autista se concentrar tão fortemente em uma atividade, mas não perceber as coisas que acontecem à sua volta.
O estudo do Children's Hospital of Michigan PET Scan Center também mostrou que a taxa de síntese de serotonina no cérebro de uma pessoa autista varia menos que a de uma pessoa normal. Em pacientes normais, a produção de serotonina nesse órgão na infância é 200% maior que na idade adulta. Em autistas, por sua vez, a taxa é apenas 150% maior que quando chegam à idade adulta, sendo que os níveis de redução da produção de serotonina no cérebro do autista só começam a ser diminuídos a partir de seus 15 anos (nas crianças normais, com cinco anos a taxa de produção já começa a cair). Isso ajuda a explicar alguns sintomas do paciente autista, como a agressividade, já que essa está relacionada com a falta do transportador HTT de serotonina. No caso, ainda que não haja necessariamente uma redução do transportador, a diferença entre a quantidade de serotonina e a quantidade de HTT, por ser grande, possui o mesmo efeito que tal redução.
ERROS NA FENDA SINÁPTICA
O cientista brasileiro Alysson Muotri, em 2010, conseguiu a incrível façanha de curar um neurônio autista. Em seus estudos, ele percebeu que o neurônio do paciente com autismo possui algumas características físico-químicas distintas daquelas de um neurônio normal. Entre elas, Alysson percebeu que os núcleos dos neurônios autistas eram bem menores do que os dos neurônios normais e que o número de sinapses que esses neurônios de pacientes autistas faziam era bastante reduzido. Esses dados vão ao encontro de outras pesquisas, tais como as desenvolvidas pela francesa Christelle M. Durand, que publicou que os neurônios autistas não só possuem menos sinapses do que o normal, como também possuem erros em sua formação, de tal modo que fiquem posicionadas de maneira incorreta uma em relação à outra, perdendo a eficiência na transmissão dos sinais.
Espero ter sido claro nas explicações! Mais tarde postarei sobre a incrível descoberta do pesquisador brasileiro Alysson Muori, falando sobre como ele conseguiu curar o neurônio autista e quais são as expectativas a cerca dessa doença!
Obrigado a todos!
Vini
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
http://www.abcdasaude.com.br/
http://serendip.brynmawr.edu/bb/neuro/neuro00/web1/Hollister.html
http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/1531-8249%28199903%2945:3%3C287::AID-ANA3%3E3.0.CO;2-9/pdf
http://download.cell.com/pdf/PIIS0092867410011864.pdf?intermediate=true
http://www.medecinesciences.org/reserve/print/e-docs/00/00/0B/C7/document_article.md
Veja também a prévia da entrevista exclusiva que fiz com o neurocientista brasileiro Alysson Muotri, para a Revista Autismo, em que ele revelou detalhes sobre seu próximo trabalho, com autistas clássicos, no link abaixo:
ResponderExcluirhttp://revistaautismo.com.br/noticias/exclusivo-brasileiro-encontra-caminho-para-cura-de-90-dos-tipos-de-autismo-alem-de-rett
A entrevista na integra será publicada na próxima edição da Revista Autismo.
Muito obrigado, Paiva! Fizemos um post sobre o experimento do doutor Muotri e citamos a sua entrevista lá! Espero que goste!
ResponderExcluirEstamos ansiosos pela publicação da edição desse trimestre de sua revista, a entrevista será excelente, ao que parece!
Parabéns!
Graças a Deus, existem profissionais como vocês. Sou mãe de um menino autista de seis anos, o Henrique. Tudo o que publicam sobre o assunto alivia o nosso coração e faz crescer a esperança de um futuro digno para nossas crianças. Vocêes podiam me orientar em relção á medicamentos? ele toma Risperidona, mas precisa fazer revesamento periodicamente, pois desenvolve tolerância aos fármacos muito rápido. No entanto não encontramos nada eficaz como a risperidona e os períodos de revesamento são verdadeiros pesadelos pra todos nós. Agradeço qualquer ajuda.
ResponderExcluirOlá, Aline!
ResponderExcluirÉ muito gratificante voltarmos ao blog e lermos comentários como o seu! Obrigado!
Esse blog faz parte de um projeto do qual participamos enquanto cursávamos o primeiro período de Medicina da Universidade de Brasília. Infelizmente, até mesmo por ainda sermos alunos, não somos autorizados a discutir opções de medicamentos por aqui :(
O que podemos fazer é te indicar um outro site em que você possa tirar essa dúvida, como por exemplo o da Associação Brasileira de Autismo (http://www.autismo.org.br/).
Caso você tenha outras dúvidas a respeito da doença ou se você quiser que expliquemos um pouco melhor sobre os mecanismos de ação das drogas nós estamos à disposição!
Grande abraço (para você e para o Henrique!),
Vinícius.
Boa tarde.
ResponderExcluirEstou estudando sobre a equoterapia e os neurotransmissores e essa ação no autismo. Algumas definições de neurotransmissores, propriocepção, neurônio, aparelho ou sistema vestibular e receptor sensorial ainda estão em construção para mim e gostaria de saber se vc poderia me indicar algum site ou autor que me auxiliasse. Obrigada. Abraço.