domingo, 7 de novembro de 2010

Sinapses.

Olá pessoal, aqui quem fala é o Nelson Isamo, e vim fazer um post esclarecedor a respeito das sinapses, onde atua nosso objeto de estudo, o neurotransmissor.

No nosso corpo humano, os sinais nervosos são transmitidos pelos neurônios através de sinais elétricos, que se propagam através dos axônios por uma despolarização da membrana celular deste. Entre o lado de fora e o lado de dentro da membrana, existem concentrações diferentes de íons sódio e potássio, o que causa uma natural diferença de potencial elétrico nessa membrana. Nessa membrana, porém, existem canais de sódio e potássio, e ao chegar um estímulo (falarei sobre esse estímulo mais adiante), há uma passagem desses dois íons através desse canal, despolarizando momentaneamente a membrana em um ponto dela. Essa despolarização, é o próprio sinal elétrico, que incentiva uma despolarização no trecho seguinte da membrana, que por sua vez incentiva o trecho seguinte e assim por diante, causando uma reação em cadeia. A despolarização dessa forma viaja pelo axônio do neurônio, levando adiante o impulso nervoso. Lembrando que assim que ocorre a despolarização, ela é corrigida, levando aquele trecho do axônio ao seu estado normal novamente.

Essa é a forma de propagação do impulso através dos neurônios, porém como esse impulso passa de um neurônio para outro? Através do evento chamado sinapse.

Como os neurônios não estão conectados entre si diretamente, existindo um espaço entre o fim do axônio de um neurônio e o início do dendrito de outro, não há como o impulso elétrico ser transmitido diretamente. Essa comunicação então pode ser feita de duas formas diferentes: a sinapse elétrica e a sinapse química.

Sinapse Elétrica

Nas sinapse elétrica, o espaço existente entre as duas células que se comunicam é bem menor que nas químicas, sendo de aproximadamente 3nm. Esse espaço, que se chama fenda sináptica, é atravessado por proteínas chamadas conexinas, e o conjunto de seis conexinas forma um conexon, constituindo uma junção que pode ser denominada junção GAP ou junção comunicante. Através dos conexons, a corrente iônica pode passar diretamente da célula pré-sináptica para a pós-sináptica.


 http://img2.imageshack.us/img2/6637/sinapseeltrica.gif

A vantagem desse tipo de sinapse, é que ela torna a velocidade do impulso bem maior, e além disso, ela permite que o impulso seja transmitido nos dois sentidos, conduzindo impulsos bidirecionais. Esse tipo de sinapse é mais comum em neurônios no estado inicial da embriogênese, e em células do músculo cardíaco, células epiteliais, células glandulares, e células da glia; ocorrendo muito raramente entre neurônios de um indivíduo adulto.

Sinapse Química

Essa forma de sinapse, de longe a mais comum em neurônios de seres humanos adultos, possui uma fenda sináptica bem maior que a sinapse elétrica. O tamanho da fenda varia entre 20 e 50 nm. Dessa forma, é impossível a transmissão direta dos sinais elétricos de uma célula para outra. Essa transmissão então se dá através dos neurotransmissores. A célula que envia o sinal, produz um neurotransmissor, e o empacota em pequenas vesículas, que se fundem com a membrana celular do final do axônio, liberando o neurotransmissor na fenda sináptica. Esse neurotransmissor então cruza a fenda, e chega ao neurônio pós-sináptico, onde é recebido por um receptor específico (uma proteína) e assim gera um estímulo, que abre os canais de sódio e causa uma despolarização de sua membrana, fazendo com que o impulso siga em frente através desse neurônio.


http://img600.imageshack.us/img600/2117/sinapse.jpg

Como o citoplasma do axônio não possui ribossomos, os neurotransmissores são produzidos no corpo celular do neurônio (soma), passam pelo complexo de golgi, onde são empacotados em vesículas, e são transportadas até a ponta do axônio por uma proteína chamada cinesina, proteína essa que se desloca pelos microtúbulos da célula com gasto de ATP. Esse transporte é chamado de transporte axoplasmático, e como a sinesina só se desloca no sentido soma-axônio, esse transporte é chamado anterógrado. Há também um tipo de transporte no sentido oposto chamado transporte retrógrado. Acredita-se que esse tipo de transporte leve sinais para o soma sobre mudanças metabólicas que podem ocorrer no corpo axonal.

As vesículas que foram produzidas e estão no axônio, são liberadas quando o potencial de ação (despolarização da membrana) chega ao final do axônio. Ele estimula a entrada de íons Ca++, que causa a adesão das vesículas que contém os neurotransmissores à membrana do axônio, ocorrendo a fusão entre a vesícula e a membrana (que são constituídas do mesmo material), e assim a liberação do neurotransmissor. O neurotransmissor então percorre a fenda sináptica e se liga ao receptor da célula seguinte, dando continuação ao impulso. Porém, se aquele neurotransmissor ficar na fenda sináptica muito tempo após sua liberação, ele irá estimular novamente o neurônio pós-sináptico; e para evitar que isso ocorra, existem enzimas na fenda sináptica encarregadas de destruir os neurotransmissores remanescentes na fenda após a sinapse, ou então esses neurotransmissores podem ser absorvidos na terminação pré-sináptica.

Segue abaixo um esquema de sinapse com o neurotransmissor glutamato:

http://img33.imageshack.us/img33/9156/sinapses2.jpg

Bem, é isso pessoal, qualquer dúvida podem comentar aqui no post ou perguntar no twitter do grupo que eu respondo. Espero que tenha ficado claro, tentei ser o mais didático possível. Muito obrigado. =D


Nelson Med92


Referências

http://www.cerebromente.org.br/n12/fundamentos/neurotransmissores/neurotransmitters2_p.html

http://www.afh.bio.br/nervoso/nervoso2.asp 

Um comentário:

  1. Olá, gostei muito do texto, gostaria de saber se ainda continuam respondendo as perguntas dos leitores.

    Abs,

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