domingo, 28 de novembro de 2010

Bioquímica da Depressão


Bom dia pessoal!


Aqui é o Lucas Shiratori mais uma vez e eu vim falar sobre a depressão, conforme prometi no post anterior. Antes de mais nada, vou conceituar a depressão para então descrever sua bioquímica e o funcionamento dos antidepressivos.

Conceito
A depressão é um transtorno mental que pode significar tanto um sintoma de vários distúrbios emocionais quanto uma doença mental e, como os gráficos do meu post anterior mostra, a OMS divulgou que sua incidência é notavelmente maior em mulheres. A psicopatologia (ciência que estuda os estados psíquicos patológicos) identifica a depressão por meio da verificação de três sintomas fundamentais:

1. Sofrimento moral – sintoma mais marcante da depressão, o paciente se considera muito inferior aos outros, sentindo-se incompetente, fraco, inútil, indigno e rejeitado.

2. Inibição psíquica – Fadiga, lerdeza, perda da capacidade de tomar decisões, lentidão psicomotora, desinteresse e comprometimento da consciência.

3. Estreitamento Vivencial/Anedonia – Significa incapacidade de sentir prazer. O paciente não consegue encontrar motivos para se animar.

Além desses sintomas, há outros que costumam aparecer em pacientes depressivos, como perda de sono e apetite, dificuldade de concentração, pessimismo e, até mesmo, dores corporais e enjôos. Lembrando que a depressão pode ser causada por fatores internos (biológicos) e por fatores externos (ambientais)


Funcionamento da Depressão
Há várias hipóteses que tentam explicar a fisiopatologia e a bioquímica da depressão, colocarei aqui aquelas que possuem maior aceitabilidade e credibilidade no meio científico.

Conforme o Nelson e o Bruno explicaram em seus posts anteriores, os neurônios pré-sinápticos liberam neurotransmissores que estimularão ou inibirão o neurônio pós-sináptico. Os neurotransmissores, após saírem do neurônio pré-sináptico por exocitose, acoplam-se a neuroreceptores específicos do neurônio pós-sináptico, o que provoca um aumento da condutância da membrana plasmática pós-sinática a íons sódio e potássio.
A depressão está relacionada ao hipofuncionamento bioquímico da atividade de certos neurotransmissores, sendo que a noradrenalina, a dopamina, e a serotonina (5-hidroxitriptamina ou, simplesmente, 5-HT) merecem importante destaque. A sensibilização e o número
de neuroreceptores específicos também têm notável influência na depressão.

Analise as figuras a seguir:
 













______________________________________














 




Como se pode perceber, na depressão, o número de neurotransmissores disponíveis na fenda sináptica é muito inferior ao número de neuroreceptores específicos, e é isso que determina a ação dos antidepressivos.

Uma das principais classes de antidepressivos é a dos tricíclicos, cujo local de ação é no Sistema Límbico. Os antidepressivos tricíclicos podem atuar diminuindo a recaptação (pelo neurônio pré-sináptico) dos neurotransmissores noradrenalina, dopamina e serotonina, aumentando sua disponibilidade na fenda sináptica e permitindo sua captação pelos neuroreceptores pós-sinápticos. Outra forma de atuação dos antidepressivos seria diminuindo o número de neuroreceptores específicos, o que também aumentaria o número de neurotransmissores disponíveis na fenda sináptica. Outra importante classe de antidepressivos é a dos inibidores da enzima MAO (monoamina oxidase), tal enzima é responsável por degradar a dopamina, serotonina e noradrenalina. Sua inibição iria, portanto, aumentar as concentrações desses neurotransmissores na fenda sináptica, diminuindo a depressão.


Desse modo, os sistemas noradrenérgico, serotoninérgico e dopaminérgicos são grandes responsáveis pela regulação do humor, sensação de bem-estar e o estado afetivo das pessoas.

É isso galera, espero que tenha ficado bom!
Qualquer crítica, dúvida e/ou sugestão, sintam-se livres para comentar aqui ou no nosso twitter:
                                                (@neuromed92)
 


Um grande abraço e obrigado por nos visitar!
Lucas Shiratori
MED 92

Referências Bibliográficas
- DSM-IV Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais 4º Ed.
- CID: Código Internacional das Doenças, 10ª edição.
-
Revista Brasileira de Psiquiatria
- Artigo do http://www.wallstreetfitness.com.br/ de autoria do Dr. Marcos Muniz Moreira, médico especialista em Psiquiatria pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP)
 
- PsiqWeb, Portal de Psiquiatria: http://www.psiqweb.med.br/site/

sábado, 27 de novembro de 2010

Importância Social das Doenças Mentais


Alô galera!

Aqui quem fala é o Lucas Shiratori (ou Giratório para os mais íntimos) e hoje vim explicar o quão importante é o estudo das Doenças Mentais.

Conforme prometemos em nosso pré-projeto, daremos, por meio desse post, o enfoque social da importância das Doenças Mentais.
As doenças mentais representam cerca de 12% de todas as doenças que acometem toda a população mundial. E, de acorda com estimativas da OMS (Organização Mundial da Saúde), haverá um aumento de 15% de sua freqüência até o ano de 2020. Além disso, os transtornos mentais e comportamentais atingem ou atingiram, em pelo menos uma fase da vida, uma pessoa a cada quatro em todo o planeta, ou seja, 25% de toda a população mundial! Sendo que no Brasil a tendência de uma pessoa apresentar tais desordens chega a ser de 31% a 50%! (de acordo com a Revista Brasileira de Enfermagem).

Os segredos do doente mental são, na maioria dos casos, a chave para se descobrir o que originou a doença. Muitas vezes a irracionalidade do doente é, na verdade, resultado de alguma experiência vivida que afetou drasticamente seu modo de viver. A diferença de um doente mental para uma pessoa normal é a intensidade da reação de tal experiência, que acaba sendo muito exagerada tornando a pessoa uma doente mental (quando não existem pré-disposições genéticas). Tais doentes enfrentam severas dificuldades no meio social, o que não só contribui para piorar o estágio da doença como dificultam a busca por tratamento. O número de mortes por doenças mentais cresce assustadoramente a cada ano que passa, sendo que as lesões autoprovocadas (inclusive o suicídio) merecem importante destaque, uma vez que foram a causa de aproximadamente 814.000 mortes no ano 2000. Nosso papel como cidadão é estar ciente de sua situação e nunca negar ajuda a eles.
Confira abaixo alguns gráficos divulgados pela OMS no livro “The World Health Report”, mas antes se faz necessário explicar um conceito elaborado pela Escola Pública de Saúde de Harvard, Banco Mundial e a OMS: o AVAI (ano de vida ajustado por incapacidade) é um parâmetro que quantifica a carga das doenças, que leva em conta os anos perdidos de vida por mortes prematura e os anos em que não se pode desfrutar de saúde plena, ou seja, simplificadamente, 1 AVAI = 1 ano perdido de vida saudável, que é a soma dos anos perdidos pela morte prematura causada pela doença acrescida aos anos perdidos por incapacidade. Exemplo: uma mulher sofre um acidente que causa a sua morte, se sua expectativa de vida fosse de viver mais 40 anos, então ela perderia 40 AVAI, ou seja, quanto maior a quantidade de AVAI, maior é a carga de uma doença.

Clique na imagem para melhor visualizá-la.


Gráfico 1:

Gráfico 2:

Referências Bibliográficas:
- Organização Mundial da Saúde / World Health Organization: Burden of Mental and Behavioural Disorders (capítulo 2)
- Organização Mundial da Saúde / World Health Organization: The World Health Report
- Psicogênese das Doenças Mentais, de C.G. Jung
- Revista Brasileira de Enfermagem (volume 62 no.5 Brasília Setembro/Outubro 2009)



Lucas Shiratori MED 92

O próximo post de doenças mentais será escrito por mim e mostrarei os aspectos bioquímicos da Depressão e sua fisiopatologia, correlacionando-a com os Neurotransmissores,  não percam!

Espero que tenham gostado e se conscientizado acerca dessa classe de enfermidades com as quais devemos cada vez mais tomar cuidados especiais.

Um grande abraço a todos e a gente se vê na próxima!

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Doenças Mentais: Neurose e Psicose

Salve, geral!

     Aqui quem escreve é o Vinícius! Eu vim dar o pontapé inicial na parte de Doenças Mentais, para que possamos sanar todas as dúvidas que vocês tiverem!
     Como esse é um post introdutório, não vou me focar na bioquímica das doenças, mas sim em suas classificações e definições! Mais tarde, o Lucas Giratório virá apresentar para vocês dados da Organização Mundial de Saúde que ajudarão a entender a importância de se estudar os transtornos mentais!

     Sem mais delongas, vamos às definições! A Psicanálise dividiu as doenças mentais em dois grandes grupos: as neuroses e as psicoses. Embora alguns conceitos tenham mudado desde a difusão dessas idéias por Freud, ainda hoje se utiliza essa classificação no meio acadêmico.

     De acordo com o Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (Manual Diagnóstico e Estatístico de Doenças Mentais), o DSM IV, a neurose é um quadro no qual o paciente tem uma reação psicológica exagerada em relação a uma experiência vivida (o popularmente chamado de trauma psicológico). O neurótico possui plena consciência do seu problema, não possuindo problemas sérios quanto à autodeterminação e à sua capacidade de discernimento. Assim, diz-se que a neurose é uma maneira da pessoa ser e reagir à vida.
     De acordo com a Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID 10), os transtornos neuróticos são classificados em diversos grupos. Abaixo, seguem os principais:
          • transtornos fóbico-ansiosos
          • transtornos de ansiedade
          • transtornos obsessivo-compulsivos
          • reações de estresse e transtornos de ajustamento
          • transtornos dissociativos
          • transtornos somatoformes
     É necessário frisar que o uso da palavra neurótico como sinônimo de louco, além de ser pejorativo, é incorreto sob o ponto de vista médico.

     A psicose, por sua vez, é classificada pelo DSM IV como sendo um quadro no qual há comprometimento do funcionamento mental e perda da noção de realidade. Ela se manifesta por delírios, alucinações, mudança súbita de sentimentos, perda de memória, regressão egóica e retraimento social.
     O CID 10 classifica os transtornos psicóticos, assim como os neuróticos, em diversos grupos. Seguem alguns dos mais importantes:
          • transtornos orgânicos
          • transtornos devido ao uso de substância psicoativa
          • transtornos esquizotípicos e delirantes
          • transtornos de humor
          • transtornos somatoformes
          • transtornos emocionais
     Maiores detalhes de cada transtorno, seja psicótico, seja neurótico, serão dados quando abordarmos doenças relativas a ele, para que possamos nos valer de exemplos práticos, facilitando a compreensão!



     Então é isso, pessoal. A partir de agora, meus posts focarão a parte bioquímica dos transtornos, mas é claro que não vamos deixar de lado os aspectos mais importantes de cada doença! Aguardem muitas novidades: tudo de mais recente no meio científico será trazido para cá!
     Fiquem à vontade para perguntar, nós estamos aqui para tentar tirar as suas dúvidas!
     Um grande abraço a todos!
          Vini

Bibliografia

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Drogas: o que são e como promovem o vício?


Olá, pessoal!
Aqui quem fala é o Diogo, mas podem me chamar de Dig's.
Para que, ao longo do blog, possamos discutir de maneira mais específica sobre cada uma das drogas, é necessário que falemos de questões simples e muito importantes sobre as mesmas neste primeiro post.
            Mas, de maneira bem geral, o que são as drogas?



Podemos defini-las como substâncias exógenas capazes de modificar uma função biológica através de suas ações químicas. 

           É curioso imaginar como substâncias que são produzidas fora do nosso organismo podem influenciar tanto em seu funcionamento, não é mesmo? Isso ocorre devido ao fato de que, na maioria dos casos, as moléculas interagem com proteínas específicas presentes nas células: os receptores. Uma vez que existem diversos receptores em células de órgãos diferentes, a ligação da droga provoca o aparecimento de efeitos variados, como agitação, sonolência, tremores e alucinações, por exemplo.



Na figura a seguir, podemos ver a ilustração de uma sinapse, mostrando os neurônios envolvidos, os neurotransmissores (amarelos), os receptores (azuis e rosa) e a presença de moléculas de cocaína (verdes), uma droga psicoestimulante.


Sinapse dopaminérgica, com a presença de moléculas de cocaína atuando em receptores do neurônio pré-sináptico.
 
Dependendo das propriedades químicas de cada composto, o tempo, a intensidade e os efeitos da ação de cada droga poderão ocorrer de maneira distinta, variando, até mesmo, de pessoa para pessoa.
Há drogas que, uma vez utilizadas, conseguem alcançar os neurônios do sistema nervoso central, influenciando o funcionamento das transmissões sinápticas. Essas substâncias são chamadas de psicotrópicas. Elas podem, então, simular ou potencializar os efeitos dos neurotransmissores, inibir a ação dos mesmos e alterar a sua síntese e degradação (agindo nas enzimas envolvidas). 

Ao considerarmos a legislação vigente, as drogas são classificadas em lícitas ou ilícitas. As primeiras são aquelas de produção e comercialização livres, aceitas pela sociedade e capazes de produzir menor impacto na saúde dos indivíduos. Como exemplos, podemos citar as bebidas alcoólicas e o cigarro. As drogas ilícitas, por sua vez, são proibidas pela legislação e podem provocar efeitos mais nocivos ao homem. O crack, a heroína e a maconha são exemplos de drogas ilícitas.

No entanto, as drogas, sejam lícitas ou ilícitas, podem levar o indivíduo ao uso compulsivo. Denominamos dependência e drogação o quadro em que os indivíduos compulsivos por drogas as utilizam de maneira abusiva e repetitiva. Ambos são termos muito parecidos, mas denotam conceitos diferentes. Veja:

- a dependência (ou dependência física) consiste nas adaptações que ocorrem no organismo humano frente à presença da droga. É devido à dependência que os sinais de abstinência surgem quando o indivíduo não se expõe à droga;
- a drogação (ou dependência psicológica), por sua vez, está relacionada à parte mental do vício, ao forte impulso que leva a pessoa a consumir novamente a substância. É como uma sensação de “querer a droga mesmo sem gostar de utilizá-la”.

           Acredito que todos nós já tenhamos visto ou ouvido falar de pessoas que, ao usarem drogas, modificaram o seu dia-a-dia para o consumo dessas substâncias. Por que isso ocorre? Atualmente, a explicação mais aceita para o vício está relacionada com a dopamina e sua ação no núcleo accumbens, um pequeno conjunto de neurônios presentes abaixo do córtex cerebral. Ele faz parte do sistema límbico, o grande controlador de nossas emoções, e está relacionado com as sensações prazerosas.

Sistema límbico, o grande controlador de nossas emoções.


Fórmula estrutural da molécula de dopamina.


Representação do encéfalo e do tronco encefálico, apontando as estruturas cerebrais que fazem parte do sistema límbico. Note a localização do núcleo accumbens.
 
As drogas que causam o vício são psicotrópicas e capazes de aumentar as concentrações de dopamina na fenda sináptica de neurônios envolvidos com o núcleo accumbens. Como resultado, os sintomas indesejáveis do estado de abstinência são aliviados. A partir daí, todas as vezes em que quiser atenuar os sintomas da abstinência, o consumidor da droga se sentirá impelido a utilizar a droga, tornando-se um dependente químico.





A freqüência de exposições à droga e a dose necessárias para que uma pessoa se torne dependente da mesma varia de acordo com o potencial de dependência física e química do composto em questão.

Nos próximos posts sobre as drogas, falaremos de maneira mais específica sobre cada droga, abordando sua composição química, suas fontes naturais e sua ação no organismo. Além disso, procuraremos abordar sobre as doenças, sintomas e tratamentos relacionados com as mesmas.

Ah! E fique ligado: traremos informações sobre medicamentos de controle especial e muito mais!

Até a próxima!

Diogo Araujo – MED92


Referências Bibliográficas:
- KATZUNG, B. G; Farmacologia Básica e Clínica. 10ª ed. São Paulo: editora McGrall Hill, 2007.  
- http://www.mundoeducacao.com.br/drogas/drogas-licitas-ilicitas.htm
- RANG & DALE;  Farmacologia. 6ª Ed. Rio de Janeiro: editora Elsevier, 2007.

domingo, 14 de novembro de 2010

Tipos de Sinapses e Biofísica do Processo.

Olá pessoal, aqui é o Nelson Isamo mais uma vez. Hoje eu falarei sobre uma classificação que se deu às sinapses de acordo com sua contribuição para a continuação de um impulso nervoso pelos neurônios, e falarei também sobre a parte física que comanda esse processo. Vou incluir também uma equação matemática que quantifica tudo isso. Não se preocupem, essa equação será mais ilustrativa, só para ajudar a entender tudo isso, e para fazer uma ponte com nossa famosa energia livre de Gibbs.

As sinapses são classificadas em geral como excitatórias ou inibitórias. As sinapses excitatórias, contribuem para que haja uma maior despolarização da membrana do neurônio pós-sináptico, diminuindo a diferença de concentração entre os íons dentro e fora da membrana, e assim diminuindo a diferença de potencial entre o lado de fora e o de dentro da membrana; sendo assim, elas contribuem para que o impulso siga adiante no neurônio seguinte.

Já as sinapses inibitórias fazem o contrário, elas polarizam ainda mais a membrana do neurônio pós-sináptico; e como só há propagação do impulso elétrico pelo neurônio se houver despolarização, ela faz com que fique mais difícil de ocorrer essa despolarização e dificulta assim a continuação do impulso nervoso para o próximo neurônio. Essa hiperpolarização ocorre devido à abertura de canais de cloro da célula, e a abertura desses canais é estimulada por certos neurotransmissores (neurotransmissores inibitórios). Os neurotransmissores inibitórios mais comuns são o ácido gama-amino-butírico (GABA), e a glicina.

Um neurônio, como pode possui vários dendritos, pode receber diversos impulsos inibitórios e excitatórios, e o que diz se o impulso é transmitido adiante ou não através do axônio, é soma desses estímulos (no caso, a soma das despolarizações com as hiperpolarizações). Sendo assim, um neurônio pode receber mais de mil estímulos diferentes, mas produzir só uma resposta, isso dá a capacidade única do tecido nervoso de ser capaz de "tomar decisões". A soma desses impulsos geralmente ocorre na base do corpo celular, perto do axônio, local que comunmente não é envolto por células da glia; é lá que dependendo do resultado da soma, o axônio dispara um potencial de ação ou não.

Essa soma dos impulsos que a célula recebe pode ser feita de duas formas. Na soma espacial, são somados impulsos recebidos em diferentes locais da células, em diferentes sinapses. Na soma temporal, são somados impulsos que vêm em rápida sequência, mas são recebidos em uma mesma sinapse.

Há uma doença autoimune incapacitante chamada miastenia grave, que afeta as sinapses motoras de um indivíduo. Essa doença causa fraqueza muscular e incapacidade de manter esforços físicos continuados. Vou pedir pra alguém fazer um post sobre essa doença mais pra frente =).

Mas quais são os fatores físicos que influenciam na polarização ou despolarização da membrana?


A resposta para isso está na concentração dos íons dentro e fora da célula e da ddp que há entre os lados da membrana, que vão ditar a espontaneidade do movimento dos íons através de um canal iônico. A fórmula que diz se esse movimento será espontâneo ou não é dita a seguir:
Em que R é a constante dos gases, T é a temperatura absoluta, Z é a carga do íon, Vm é a diferença de potencial entre o lado de dentro e o de fora da membrana, F é a constante de Faraday, e C são as concentrações do íon dentro e fora da célula.

Tirando os fatores constantes que foram apresentados, pode-se dizer então que o fluxo de íons através de canais iônicos é basicamente função da ddp da membrana e da concentração dos íons; portanto uma espécie iônica só flui através da membrana plasmática, enquanto a força diretiva (ou energia livre de Gibbs) é negativa, e o que diz isso será o quociente das concentrações e a ddp da membrana.

Um exemplo do que foi dito é movimentação de Na+ através da membrana. Em condições normais, a ddp da membrana é de -60mV (negativo), tornando o segundo fator todo da equação negativo (pois a carga do Na+ e a constante de Faraday são positivas), e a concentração de Na+ fora da célula é maior que a concentração dentro, tornando o ln do quociente entre elas negativo, o que torna também o segundo fator negativo (pois T e R são sempre positivos), isso faz com que a força diretiva total seja negativa, o que diz então que o fluxo do Na+ através da membrana quando ela está polarizada é um processo espontâneo. À medida que flui Na+ através de seu gradiente de concentração há ao mesmo tempo uma maior igualdade entre a concentração desse íon dentro e fora da membrana, com isso o quociente dessas concentrações se aproxima de 1, fazendo com que o ln disso se aproxime de zero. Ao mesmo tempo esse fluxo também despolariza a membrana, fazendo com que o Vm se aproxime de zero. Assim, com os dois fatores que se somam na equação próximos de zero, a soma deles também tende a zero, e com a energia livre próxima de zero, o processo vai deixando de ser espontâneo, e o equilíbrio químico se estabelece, deixando de haver o fluxo quantitativo de íons Na+ através da membrana plasmática.

Bom pessoal, aqui tentei explicar então da melhor maneira possível os tipos de sinapses que ocorrem, e como o nosso tecido nervoso é capaz de criar resposta diferentes para os diferentes estímulos que ele recebe. Tentei também falar um pouco sobre a parte biofísica do impulso nervoso, e explicar como o movimento de cargas irá influenciar no fato do neurônio se polarizar ou despolarizar. Como a polarização ou despolarização do neurônio que vai dizer se há impulso nervoso ou não, pode-se deduzir o comportamento de um neurônio a partir de fatores químicos (concentração dos íons) e físicos (ddp da membrana) pré determinados. Espero que não tenha ficado muito confuso. Como dito antes, qualquer dúvida é só colocar nos comentários ou postar no nosso twitter que eu estou disposto (e muito interessado) em responder. Brigadão aí pessoal.

Referências

Portal São Francisco

Lehninger - Princípios de Bioquímica - Quarta edição.

domingo, 7 de novembro de 2010

Sinapses.

Olá pessoal, aqui quem fala é o Nelson Isamo, e vim fazer um post esclarecedor a respeito das sinapses, onde atua nosso objeto de estudo, o neurotransmissor.

No nosso corpo humano, os sinais nervosos são transmitidos pelos neurônios através de sinais elétricos, que se propagam através dos axônios por uma despolarização da membrana celular deste. Entre o lado de fora e o lado de dentro da membrana, existem concentrações diferentes de íons sódio e potássio, o que causa uma natural diferença de potencial elétrico nessa membrana. Nessa membrana, porém, existem canais de sódio e potássio, e ao chegar um estímulo (falarei sobre esse estímulo mais adiante), há uma passagem desses dois íons através desse canal, despolarizando momentaneamente a membrana em um ponto dela. Essa despolarização, é o próprio sinal elétrico, que incentiva uma despolarização no trecho seguinte da membrana, que por sua vez incentiva o trecho seguinte e assim por diante, causando uma reação em cadeia. A despolarização dessa forma viaja pelo axônio do neurônio, levando adiante o impulso nervoso. Lembrando que assim que ocorre a despolarização, ela é corrigida, levando aquele trecho do axônio ao seu estado normal novamente.

Essa é a forma de propagação do impulso através dos neurônios, porém como esse impulso passa de um neurônio para outro? Através do evento chamado sinapse.

Como os neurônios não estão conectados entre si diretamente, existindo um espaço entre o fim do axônio de um neurônio e o início do dendrito de outro, não há como o impulso elétrico ser transmitido diretamente. Essa comunicação então pode ser feita de duas formas diferentes: a sinapse elétrica e a sinapse química.

Sinapse Elétrica

Nas sinapse elétrica, o espaço existente entre as duas células que se comunicam é bem menor que nas químicas, sendo de aproximadamente 3nm. Esse espaço, que se chama fenda sináptica, é atravessado por proteínas chamadas conexinas, e o conjunto de seis conexinas forma um conexon, constituindo uma junção que pode ser denominada junção GAP ou junção comunicante. Através dos conexons, a corrente iônica pode passar diretamente da célula pré-sináptica para a pós-sináptica.


 http://img2.imageshack.us/img2/6637/sinapseeltrica.gif

A vantagem desse tipo de sinapse, é que ela torna a velocidade do impulso bem maior, e além disso, ela permite que o impulso seja transmitido nos dois sentidos, conduzindo impulsos bidirecionais. Esse tipo de sinapse é mais comum em neurônios no estado inicial da embriogênese, e em células do músculo cardíaco, células epiteliais, células glandulares, e células da glia; ocorrendo muito raramente entre neurônios de um indivíduo adulto.

Sinapse Química

Essa forma de sinapse, de longe a mais comum em neurônios de seres humanos adultos, possui uma fenda sináptica bem maior que a sinapse elétrica. O tamanho da fenda varia entre 20 e 50 nm. Dessa forma, é impossível a transmissão direta dos sinais elétricos de uma célula para outra. Essa transmissão então se dá através dos neurotransmissores. A célula que envia o sinal, produz um neurotransmissor, e o empacota em pequenas vesículas, que se fundem com a membrana celular do final do axônio, liberando o neurotransmissor na fenda sináptica. Esse neurotransmissor então cruza a fenda, e chega ao neurônio pós-sináptico, onde é recebido por um receptor específico (uma proteína) e assim gera um estímulo, que abre os canais de sódio e causa uma despolarização de sua membrana, fazendo com que o impulso siga em frente através desse neurônio.


http://img600.imageshack.us/img600/2117/sinapse.jpg

Como o citoplasma do axônio não possui ribossomos, os neurotransmissores são produzidos no corpo celular do neurônio (soma), passam pelo complexo de golgi, onde são empacotados em vesículas, e são transportadas até a ponta do axônio por uma proteína chamada cinesina, proteína essa que se desloca pelos microtúbulos da célula com gasto de ATP. Esse transporte é chamado de transporte axoplasmático, e como a sinesina só se desloca no sentido soma-axônio, esse transporte é chamado anterógrado. Há também um tipo de transporte no sentido oposto chamado transporte retrógrado. Acredita-se que esse tipo de transporte leve sinais para o soma sobre mudanças metabólicas que podem ocorrer no corpo axonal.

As vesículas que foram produzidas e estão no axônio, são liberadas quando o potencial de ação (despolarização da membrana) chega ao final do axônio. Ele estimula a entrada de íons Ca++, que causa a adesão das vesículas que contém os neurotransmissores à membrana do axônio, ocorrendo a fusão entre a vesícula e a membrana (que são constituídas do mesmo material), e assim a liberação do neurotransmissor. O neurotransmissor então percorre a fenda sináptica e se liga ao receptor da célula seguinte, dando continuação ao impulso. Porém, se aquele neurotransmissor ficar na fenda sináptica muito tempo após sua liberação, ele irá estimular novamente o neurônio pós-sináptico; e para evitar que isso ocorra, existem enzimas na fenda sináptica encarregadas de destruir os neurotransmissores remanescentes na fenda após a sinapse, ou então esses neurotransmissores podem ser absorvidos na terminação pré-sináptica.

Segue abaixo um esquema de sinapse com o neurotransmissor glutamato:

http://img33.imageshack.us/img33/9156/sinapses2.jpg

Bem, é isso pessoal, qualquer dúvida podem comentar aqui no post ou perguntar no twitter do grupo que eu respondo. Espero que tenha ficado claro, tentei ser o mais didático possível. Muito obrigado. =D


Nelson Med92


Referências

http://www.cerebromente.org.br/n12/fundamentos/neurotransmissores/neurotransmitters2_p.html

http://www.afh.bio.br/nervoso/nervoso2.asp 

Neurônio: a unidade funcional do sistema nervoso

O sistema nervoso é responsável por reconhecer informações derivadas do meio -seja este interno ou externo-, interpretá-las e desencadear respostas de forma adequada, a fim de manter o equilíbrio corporal. Para compreender o mecanismo pelo qual a informação é transmitida, é necessário entender um pouco mais sobre os neurônios, a unidade funcional do sistema nervoso.
Os neurônios são células excitáveis que se comunicam entre si e com outras células efetuadoras, como células musculares e secretoras, usando essencialmente uma linguagem elétrica. Ao nascer, um bebê possui mais de cem bilhões de neurônios. Esse número vai caindo com o avançar da idade, uma vez que esse tipo celular possui baixíssima capacidade regenerativa.
Os neurônios possuem três regiões responsáveis por funções especializadas: corpo celular, dendritos e axônio.
Os dendritos são prolongamentos especializados em receber estímulos, os axônios são prolongamentos finos responsáveis por conduzir os impulsos nervosos e ligam-se ao corpo celular através de uma estrutura chamada cone de implantação. Já o corpo celular é a região responsável por regular a atividade metabólica do neurônio, sintetizando e degradando constituintes celulares. Nele é possível identificar o núcleo e o citoplasma, que recebe o nome de pericário.




Para que o impulso nervoso propague-se, é preciso que este consiga atravessar um espaço existente entre os neurônios: a fenda sináptica, que mede cerca de 20-30 nm. Para tal, o neurônio pré-sináptico deve liberar substâncias químicas que estimularão ou inibirão o neurônio pós-sináptico. Essas substâncias químicas sintetizadas e liberadas pelos neurônios recebem o nome de neurotransmissores e desempenham papel importante no sistema nervoso.
Os neurotransmissores são sintetizados no corpo celular, atravessam o axônio em direção às terminações nervosas, onde são armazenados em vesículas neuronais. Uma vez liberados na fenda sináptica, reagem diretamente com os receptores do neurônio seguinte. Essa ação dos neurotransmissores na fenda é regulada por diversos mecanismos, por exemplo a destruição por enzimas. Entre os principais neurotransmissores podemos citar a acetilcolina, a endorfina, a dopamina, a noradrenalina e a serotonina.

                                                          Bruno Sakamoto Med92

 Bibliografia

Machado, A. Neuroanatomia Funcional. Editora Atheneu.
http://www.unifesp.br/dfisio/fisioneuro/materiaisdidaticos.htm

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Apresentações

Salve, salve!

O momento pelo qual todos esperavam enfim chegou: está no ar o blog de Neurotransmissores, Doenças Mentais e Drogas!

Antes de mais nada, vou apresentar pra vocês o grupo que, ao fim do semestre, será coroado com o bicampeonato dos melhores Blogs de BioBio:

- Bruno (Sakamoto)
- Caio (Bieber)
- Diogo (Dig's)
- Lucas (Giratório)
- Nelson (01)
- Vinícius (Vini)







Feitas as considerações iniciais, eu me despeço de vocês. Aguardem: muito em breve, o Nelson postará uma matéria interessantíssima sobre sinapses aqui! Por isso, entrem no blog diariamente para ver se a novidade já está no ar!

Um grande abraço a todos!

Vini Med92

ps: não deixe de nos seguir no twitter! @neuromed92